Celac cancela reunião de urgência sobre deportações dos EUA por 'falta de consenso'

  • 29/01/2025
(Foto: Reprodução)
Comunidade de Estados Latino-Americanos se reuniria na quinta-feira (30) para debater resposta a decretos de Trump contra imigrantes ilegais e modelo de deportações dos EUA. Presidente do grupo disse que países da América Latina apresentaram posições divergentes. Vídeo mostra deportados chegando algemados em Manaus. Reprodução/Agência Cenarium A Comunidade dos Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac) cancelou nesta quarta-feira (29) a reunião de urgência que tinha sido convocada entre os membros do grupo para debater as mudanças na política migratória dos Estados Unidos. A atual presidente da Celac e presidente de Honduras, Xiomara Castro, que anunciou o cancelamento, disse que houve "falta de consenso" entre os países da comunidade. Sem citar nomes, Castro disse em comunicado que alguns países membros "privilegiaram outros princípios e interesses diferentes aos de unidade da região latino-americana e caribenha". "Os migrantes e seus direitos (...) constituem uma preocupação comúm que deve ser abordada com objetividade e responsabilidade. No entanto, (...) novamente recebemos a posição sistemática de países membros que privilegiaram outros princípios e interesses diferentes aos de unidade da região latino-americana e caribenha", disse a presidente no comunicado. Segundo fontes da diplomacia brasileiras ouvidas pel Blog da Daniela Lima, o consenso ao que chegaram EUA e Colômbia no fim de semana para dar fim à crise diplomática entre os dois países desmobilizou o encontro. Mas pressões de Argentina e El Salvador — cujos líderes são aliados de Trump — também ajudaram, disseram ainda as fontes. Não foi marcada uma nova data para o encontro. Acordo entre EUA e Colômbia, além da pressão da Argentina e El Salvador, desmobilizou reunião sobre deportações A reunião foi convocada no domingo (26) após uma crise diplomática entre Colômbia e Estados Unidos por conta de uma leva de cidadãos colombianos deportados pelo governo do novo presidente dos EUA, Donald Trump. O presidente colombiano, Gustavo Petro, proibiu a entrada no país de um voo militar dos EUA com os deportados. O México fez o mesmo, e o Brasil reclamou da condição de seus cidadãos também trazidos de volta pelos EUA acorrentados e algemados em um avião que pousou em Manaus na sexta-feira (24). Por que a crise começou? Dois aviões da Força Aérea da Colômbia chegam a Bogotá com cerca de 200 deportados Na sexta-feira (24), os Estados Unidos enviaram à Colômbia dois aviões militares com cidadãos colombianos que viviam ilegalmente nos EUA e haviam sido deportados — o mesmo aconteceu na sexta-feira com brasileiros. Quando os aviões já haviam decolado dos EUA, Gustavo Petro proibiu as aeronaves de entrar em espaço aéreo colombiano. O presidente da Colômbia alegou que os EUA não respeitaram os direitos dos deportados e, por isso, não aceitaria as aeronaves, que tiveram de voltar ao território norte-americano. "Migrante não é criminoso e deve ser tratado com a dignidade que um ser humano merece. Não posso obrigar os migrantes a permanecerem num país que não os quer, mas se esse país os devolver, deverá ser com dignidade e respeito por eles e pelo nosso país. Nos aviões civis, sem sermos tratados como criminosos, receberemos os nossos compatriotas", acrescentou. A decisão de Petro enfureceu o presidente dos EUA, Donald Trump, que na semana passada, logo após tomar posse, havia assinado ordem executiva determinando a expulsão de todos os imigrantes que vivem nos EUA em situação ilegal. Como reação ao presidente colombiano, Trump anunciou que aplicaria uma série de sanções à Colômbia, como: Criação de uma tarifa emergencial de 25% sobre todos os produtos colombianos que entrem nos EUA; Bloqueio de viagens de colombianos aos EUA; Revogação de vistos de autoridades do governo e aliados de Petro; Inspeções rigorosas nas fronteiras e aeroportos na entrada de cidadãos colombianos nos EUA; Sanções ao Tesouro, ao setor bancário e ao setor financeiro colombianos. Em reação, Petro comprou a briga e anunciou que aplicaria as mesmas tarifas a produtos norte-americanos na Colômbia e que enviaria avião presidencial para buscar os deportados colombianos. As diplomacias de ambos os países entraram em ação e, no fim da noite de domingo (26), a Casa Branca anunciou, em um comunicado, que iria pausar a aplicação das tarifas extras e demais sanções anunciadas por Trump. Como contrapartida, Bogotá concordou em aceitar o voo com os deportados, com as garantias de proteção dos direitos dos cidadãos colombianos. "O governo da Colômbia concordou com todos os termos propostos pelo presidente Trump, incluindo a recepção irrestrita de todos os imigrantes ilegais colombianos que retornam dos Estados Unidos, até mesmo daqueles transportados em aviões militares norte-americanos, sem limitações ou atrasos". A chancelaria colombiana também publicou um comunicado, confirmando a superação "do impasse com o governo dos Estados Unidos".

FONTE: https://g1.globo.com/mundo/noticia/2025/01/29/celac-cancela-reuniao-de-urgencia-convocada-para-discutir-migracao-e-deportacoes-dos-eua.ghtml


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